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Programa de atenção plena

semana 3

Tema da semana: Você não é seus pensamentos, você é a consciência que tem deles

Uma das definições de atenção plena é: manter uma atenção ou consciência, de momento a momento, dos nossos pensamentos, sentimentos, sensações corporais e o ambiente ao nosso redor. A atenção plena também envolve a aceitação, significando que somos capazes de prestar atenção nos nossos sentimentos e pensamentos sem julgá-los - sem acreditar, por exemplo, que existe uma maneira certa ou errada de pensar naquele momento.

Quanto mais você praticar, mais você vai ver que nossos pensamentos são bastante involuntários. Que eles têm vida própria, que surgem espontaneamente e que não necessariamente representam o que somos. Comece a notar e você verá. Você não é seus pensamentos! Você não é sua autocrítica e não precisa ficar refém dela. A leitura dessa semana explica muito bem isso.

A prática de mindfulness vai te ajudar a ver que você tem a capacidade de observar seus pensamentos e decidir quais deles são válidos para suas decisões e ações. E quais deles são simplesmente para deixarmos ir, abandonarmos, sem nos envolvermos com eles.

Por isso, a atitude de mindfulness que vamos aprender a cultivar esta semana é o deixar-ir, ou largar. Deixar ir significa permitir que as coisas sejam como elas são. Ao nos permitirmos este reconhecimento de quando somos ou ficamos presos à determinados pensamentos, desejos e sentimentos, nos permitimos libertar dos mesmos. Por isso Kabat-Zinn coloca esta atitude como sinônimo de deixar ir, não-se-prender. Pois é preciso deixar que o momento pensamento ou sensações, desagradável ou mesmo agradáveis passarem para sermos mais leves.

E também fica o convite: você também é capaz de prestar atenção em tudo o que há de positivo e certo na sua vida? Vamos assistir o vídeo de Alison Ledgerwood, uma psicóloga da Universidade de Davis na Califórnia que nos mostra o quanto passamos a maioria de nosso tempo focados em pensamentos negativos e - o melhor de tudo - como podemos mudar esse padrão. Nossa atividade informal foi desenvolvida por ela e tem dado ótimos resultados na qualidade de vida das pessoas que a praticam na Califórnia.

E com o tema dessa semana, segue mais uma definição da atenção plena, por Jon Kabat-Zinn: “Mindfulness, é a porta de entrada para a total dimensão de ser humano e de estar vivo”. E outra: “Eu vejo mindfulness como uma relação amorosa com a própria vida, com a realidade e imaginação. Com a beleza do seu próprio ser, com seu coração, seu corpo, sua mente e com o mundo”.

É hora de mergulhar no seu coração, na beleza de seu ser e na beleza do mundo. É hora de começar a cultivar a gratidão, uma outra importante atitude da atenção plena. Boa prática!

Boa prática!

 

Prática principal

 

  • Link para escutar a meditação guiada no site ou fazer download: www.semeandopaz.com/guiadas

  • Praticar a meditação dos 'Sons e pensamentos' pelo menos duas vezes na semana. Nos outros dias, escolha as práticas de sua preferência.

2.  Prática informal

 

Cultivando e anotando a gratidão

 

Use a atenção plena durante suas atividades cotidianas, lembrando-se também de vivenciar sentimentos ou acontecimentos positivos em um estado alerta e de plenitude. No fim do dia, anote três acontecimentos ou coisas positivas que aconteceram durante o dia. Note também o que há de positivo em você, e não só nos acontecimentos externos. Você pode também fazer esse exercício com um amigo ou membro da família no fim do dia. Falando sobre os acontecimentos ao invés de anotar.

 

3. Leitura da Semana

Como mindfulness ajuda você a cultivar uma mente teflon

Às vezes, pensamentos e sentimentos negativos precisam se desgrudar de nós

Por Mark Coleman

Um dos maiores presentes de mindfulness é que a prática nos permite cultivar uma mente ‘teflon’. Mas o que isso significa, e como isso se relaciona com nós humanos, uma vez que geralmente a palavra ‘teflon’ se refere a panelas? Normalmente, nossa mente é como um ‘velcro’. Tudo gruda. É como se aqueles pensamentos julgadores ficassem presos com ganchos e farpas, alojando-se em nossas mentes todas as vezes que surgem. O resultado é que nossos pensamentos julgadores permanecem firmemente entrelaçados, e passam a residir em nosso sótão mental, fazendo com que nos sintamos confusos e sobrecarregados.

Em contraste, a consciência plena cria um senso de espaço. Quando trazemos nossa consciência para algo, o objeto de observação se torna envolvido em uma clareza espaçosa, assim como quando nós iluminamos uma coisa no escuro, vemos o objeto, mas também observamos todo o espaço ao seu redor. À luz da consciência, os pensamentos podem ser vistos mais claramente e perdem sua qualidade pegajosa. A consciência é como o céu, e desta perspectiva os pensamentos são apenas nuvens passando pelo céu. Eles não se apegam. Eles flutuam, eles se movem. Eles não obscurecem o céu.

A consciência alerta – ou atenção plena - é essencial para aprendermos a não nos identificarmos com nossos pensamentos. Essa não-identificação significa que não mais acreditamos nos pensamentos ou aceitamos tudo o que eles estão dizendo sobre nós. Vemos que eles são apenas processos condicionados que não são mais objetivamente verdadeiros do que qualquer outra coisa. A não identificação nos permite desassociar, nos desprender dos pensamentos e não ficar refém deles.

Quando experimentamos o nosso mundo interior e exterior com consciência, nós nos tornamos como o maestro de uma orquestra, ciente de todos os componentes que compõem a sinfonia, mas não ficamos apegados a qualquer parte individual. Ou como um avô calmo com uma criança que está fazendo uma birra. A criança pode gritar, chorar, chutar e gritar, mas o avô sabe que vai passar e por isso não fica irritado com aquilo.

Derrote a autocrítica ouvindo-a

O segundo fator essencial que apóia a não-identificação é o entendimento de que o que vem da nossa autocrítica não é, na maioria das vezes, preciso nem útil. Quanto mais examinarmos os argumentos da autocrítica, mais provável é que nos afastemos deles. Quanto mais entendemos que há lugares muito mais sábios, mais claros e mais gentis dentro de nossa psique a que podemos recorrer para obter clareza e conselhos, menos ouviremos ou até mesmo nos preocuparemos com o que a autocrítica tem a dizer. Raramente a autocrítica oferece algo original ou que não poderia ser obtido a partir de uma fonte mais confiável.

Outro exemplo de como a não-identificação funciona pode ser vista na reatividade emocional. Pense em um momento em que você estava emocionalmente ligado a um determinado ponto de vista em uma argumentação. O que aconteceu quando esse ponto de vista foi desafiado? Você pode ter se tornado emocionalmente reativo-defensivo, ter ficado tomado pela raiva ou ter se sentido indignado. Às vezes, nesse tipo de cenário, no meio de sua reação, pode se tornar claro para você que o ponto de vista da outra pessoa está correto, ou você pode ver a limitação de sua própria opinião. Nesse ponto, você se desassocia de sua opinião por um momento, sai do seu próprio caminho e, de repente, encontra mais espaço, mais facilidade e, às vezes, um pouco de vergonha ao ver como você estava preso em sua opinião. Novamente, é a consciência, o estar ciente, que permite que essa abertura e troca de opinião ocorram.

Um processo similar pode acontecer quando os julgamentos surgem. Quanto mais olhamos nossos julgamentos com consciência plena, mais podemos vê-los por aquilo que são, e mais somos capazes de parar de nos identificarmos com eles. Nós acabamos vendo que nossos pensamentos são apenas pensamentos, apenas pontos de vista, cada um com seu viés particular e perspectiva limitada, muitas vezes velhos e distorcidos.

Não leve seus pensamentos para o lado pessoal

Uma das coisas que eu encorajo as pessoas a fazer quando a autocrítica está fazendo juízos é dizer: "Obrigado pela sua opinião" ou "Obrigado pelo seu ponto de vista". Não precisamos ficar na defensiva. Basta vermos nossos julgamentos como eles são: eles são apenas um monte de opiniões, como um aglomerado de nuvens no céu. Isso permite que você os deixe ir muito mais facilmente e encontre espaço e abertura de novo. Então os julgamentos podem cair de sua mente sem aderir, como a chuva cai contra uma janela de vidro.

Uma última ferramenta crucial para cultivar a atitude de não-identificação é deixar de tomar posse dos pensamentos, julgamentos e críticas. Mark Epstein, psiquiatra e meditador, intitulou um de seus livros ‘Pensamentos sem um Pensador’. Ele estava apontando para uma filosofia antiga que entende que os pensamentos têm vida própria, que não há ninguém por trás da cortina puxando as cordas, pensando nos pensamentos. Os pensamentos estão acontecendo sozinhos, baseados em causas e condições que os levam à existência.

Julie, uma contadora em um curso que eu estava liderando, relatou que estava brigando com sua autocritica. Ela notou que sempre que ela estava fazendo sua contabilidade pessoal e os resultados não batiam, ela passava a se autojulgar e criticar suas habilidades de contabilidade. Um pensamento crítico era instantaneamente desencadeado: "Se você não pode nem mesmo gerenciar suas próprias contas corretamente, como você espera que seus clientes confiem em você?" Ela disse que esse pensamento era como uma resposta automatizada. Ela ouviu isso de si mesma inúmeras vezes.

Será que a Julie realmente pensou isso? Será que ela desejou que esse pensamento viesse à tona ou será que ela convidou esse pensamento a surgir? Ou esse pensamento aconteceu por si só, ou foi desencadeado por seu condicionamento e medos sobre a necessidade de ser precisa no trabalho, ou surgiu de suas preocupações em não cometer erros com os clientes? Será que o cérebro faz isso automaticamente? A maioria dos pensamentos julgadores acontecem dessa forma, da mesma forma que o cérebro rotula um estímulo como "pássaro", quando ouvimos um pássaro cantar numa manhã de primavera. Quanto mais vemos que os pensamentos pensam por si mesmos, menos precisamos sentir a carga desnecessária de responsabilidade pelos nossos pensamentos e mais podemos vê-los como um processo impessoal que continuará a surgir, da mesma forma que os pássaros cantam lá fora.

É precisamente esse processo de não encarar nossos pensamentos de forma tão pessoal que torna possível a não-identificação. Podemos ver os pensamentos julgadores a partir da perspectiva de um observador e não nos sentimos tão sobrecarregados por eles. E é a partir daí que realmente começamos a sentir uma sensação de calmaria e paz.

4. Vídeo da Semana

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